A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Jair Bolsonaro (PL) à pena de 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. No entanto, esta não é a primeira vez que o ex-presidente cumpre uma pena.
Em setembro de 1986, Bolsonaro foi preso por violar a regulamentação do Exército, quando era capitão da corporação. A detenção foi consequência da publicação de um artigo de sua autoria na revista Veja, no qual ele criticava a remuneração dos militares. Na época, os oficiais eram proibidos de se manifestar publicamente sobre política ou questões internas da instituição. O então capitão foi processado por transgressão disciplinar e hierárquica, recebendo como punição o encarceramento. Curiosamente, foi nesse mesmo texto que Bolsonaro empregou pela primeira vez a expressão “Brasil acima de tudo”, que mais tarde se tornaria um dos lemas centrais de sua carreira política. O episódio representou um indício inicial da construção da identidade pública daquele militar, que na época ainda não possuía a notoriedade que tem hoje.
Embora a infração cometida fosse tida como grave, Bolsonaro não recebeu a sentença máxima de 30 dias de prisão, por se tratar de sua primeira infração deste tipo. Sua pena foi reduzida pela metade, totalizando 15 dias de cárcere, iniciados em 1º de setembro de 1986. De acordo com a BBC News, existem poucos registros sobre as condições de seu confinamento, uma vez que o próprio ex-presidente raramente comenta o assunto. O regimento militar da época estabelecia que a prisão disciplinar deveria ser cumprida “em local próprio e designado para tal”. Considerando sua patente, é provável que Bolsonaro tenha ficado em uma cela separada, diferente daquela usada por punidos de hierarquia inferior.
(Foto Veja)