APUCARANA
ARAPONGAS
VALE DO IVAÍ

Saiba +

Publicidade

CÂMERAS CORPORAIS EM POLICIAIS, O QUE FACILITA E O QUE COMPLICA

CÂMERAS CORPORAIS EM POLICIAIS, O QUE FACILITA E O QUE COMPLICA

Fica evidente que os equipamentos podem sim serem muito úteis em diversas situações, tais como apuração de conduta dos agentes

 

Quando falamos no assunto no uso da tecnologia nas forças de segurança no Brasil, sem dúvida, concluiremos bem rápido que de algum tempo pra cá, os recursos tecnológicos tornaram-se grandes aliados na prevenção, no combate e na solução de crimes no país, quem trabalhou na área da segurança a cerca de vinte ou trinta anos atrás sabe disso, eu estou há trinta anos na vida pública como policial militar no Paraná e posso testemunhar inúmeras evoluções que vem acontecendo no universo da segurança pública, mudanças nas leis, no sistema prisional, nos procedimentos investigatórios e tantas outras situações envolvendo segurança pública.

 

Em meados dos anos 90, não havia câmeras nos celulares, radares eletrônicos, e as formas de monitoramento por câmeras, tanto nos prédios públicos como nos privados, eram raros de se ver, grampos telefônicos, quebra de sigilo telemático, Corregedorias e afins nem existiam, inclusive me recordo muito bem que quando recebíamos um chamado da central de operações para atender uma ocorrência e algum endereço que não conhecíamos, existia um caderno na viatura chamado “guia amarelo”, ou até as famigeradas “páginas amarelas” das próprias “listas telefônicas”, (cada viatura tinha uma), isso era o recurso que existia para encontrarmos no índice o nome das ruas e dos bairros, ao encontrar o nome das ruas, logo na frente do nome o número da pagina do guia onde estava parte do mapa da cidade que constava o endereço que procurávamos, não é preciso dizer que dependendo do tamanho da cidade a demora era grande até encontrarmos o endereço, e quando falamos de situações de crimes em andamento ou até em um atendimento de acidente, por que os bombeiros usavam o mesmo recurso para encontrar os endereços, o quanto cada minuto é importante para salvar uma vida.

 

Mas aqui estamos, na era da explosão tecnológica que caminha a passos largos, a cada dia uma novidade, a cada momento um recurso a mais em favor da humanidade, no mesmo trilho cada vez mais somos vigiados, a privacidade a cada dia diminui um pouco mais, câmeras em todo lado, radares eletrônicos inteligentes no trânsito, nos sistemas de segurança e monitoramento, super câmeras com qualidades de imagens e zoom surpreendentes, drones, escutas telefônicas, aplicativos de rastreamento, rastreadores em veículos e a lista segue crescendo, a pergunta é, por que com tanto recurso na área da segurança, cada vez mais nos sentimos presos dentro de nossas próprias casas? Adquirimos equipamentos como cercas elétricas, alarmes e câmeras e mesmo assim, o que sobra é a sensação que somos nos os prisioneiros desse sistema.

 

Claro que as câmeras corporais que estão sendo instaladas no fardamento dos policiais tem seu lado positivo, uma das propostas que o equipamento oferece é a diminuição nos excessos cometidos pelos agentes e também a diminuição da letalidade nas abordagens e em situações de tensão, estudos apontam que a mortalidade em confrontos diminuíram consideravelmente após a instalação dos equipamentos como no Estado de São Paulo por exemplo, onde segundo uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta uma diminuição de 62,7% nas mortes em abordagens e intervenções policiais em serviço em 2023, sendo que mais de 75% foram em Batalhões que utilizam o equipamento, claro que essa diminuição não está relacionada apenas ao uso das câmeras, certamente outras medidas paralelas contribuíram para essa diminuição.

 

Fica evidente que os equipamentos podem sim serem muito úteis em diversas situações, tais como apuração de conduta dos agentes, investigação e elucidação de ilícitos com a produção das imagens e para quem trabalha de forma correta, até para proteger o próprio policial.

 

O que deve ser levado em questão nesse contexto, é que não basta aumentar o rigor para os agentes da lei, ao passo que para o marginal a vida fica cada vez mais fácil no Brasil, chamar a atenção para essa questão das câmeras no uniforme é uma situação inevitável, provavelmente em pouco tempo acontecerá a universalização desse processo e todas as polícias do Brasil, assim como já acontece em outros países, passarão a utilizar o equipamento como mais um acessório obrigatório pertinente a função policial, contudo, ainda que haja diminuição da letalidade e do emprego da força por conta do uso das câmeras, a diminuição da criminalidade e da violência está longe de acontecer no Brasil, o uso de equipamentos de monitoramentos não inibe de forma considerável a ação de criminosos, a prova é que mesmo com o crescimento dos meios de “vigilância”, o aumento e a evolução da criminalidade também dispararam nos últimos anos, criminosos se utilizam cada vez mais dos “requintes de crueldade” no cometimento dos crimes, a cada dia surge um novo golpe “virtual”, a rotatividade das vagas no sistema prisional transmite para o marginal a certeza da impunidade e por essa razão, eles são cada vez mais recorrentes com a práticas criminosas, colecionam fichas criminais extensas e mesmo assim, são soltos para conviver com a sociedade de bem, acreditar que o uso de câmeras por agentes de segurança é a solução para diminuição das práticas delituosas por parte dos criminosos é utopia, precisamos urgente de uma reforma no código penal Brasileiro por que este sim, não evoluiu em nada e já está provado que está ultrapassado.

 

Penso que todo recurso investido pelo governo na aquisição, manutenção e operação desses equipamentos (que não são poucos) poderiam primeiro ser voltados para a construção de novos presídios, onde o criminoso realmente cumpra sua pena e não seja solto para circular novamente e continuar sua vida no crime. O fenômeno de “enxugar o gelo” que hoje é vivenciado pelas forças de segurança no Brasil precisa acabar, a sociedade não suporta mais conviver com a sensação de impunidade a qual os marginais são submetidos, o efeito “prende-solta” causa revolta, e não é uma câmera no peito do policial que vai resolver isso.

 

Fonte: Autor Colunista do AN Notícias  Subtenente Dioney

Compartilhar

Uma resposta

  1. Muito bom
    Apenas câmera,não e solução Sem a contribuição do judiciário,vamos prosseguir nesta escalada de violência.
    Educação é a chave transformadora.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Publicidade

No data was found

Os supersalários da Gestão de JR da Femac pagou de R$ 49, 43, 31 mil reais, segundo Portal da Transparência. Qual a sua opinião sobre isso?

     
43.75%
25%
15.63%
15.63%

Relacionados

/ Há 4 dias
A Oposição na Alep será para garantir a defesa dos interesses do povo paranaense
Arilson Chiorato é o novo líder da Bancada da Oposição na Assembleia Legislativa
Dos Direitos Reservados Os conteúdos publicados pelo Portal AN Notícias são elaborados e supervisionados por uma equipe de jornalistas com informações verídicas e atualizadas, sem FAKE NEWS e solicitadas aos portais parceiros. O uso de nossa página está sujeito aos nossos termos de USO, e nossa política de privacidade. Cópias e Reproduções estão sujeitos a Autorização Prévia, por escrito em nosso canal de CONTATO. O não cumprimento sancionará em Processo Judicial, conforme rege a Lei, através do Fórum local de Apucarana. Opinião dos Colunistas O Portal AN Notícias não se responsabiliza pelas postagens de seus Colunistas e não comunga com as mesmas ideias e opiniões em suas respectivas Colunas. As opiniões dos Colunistas não representam a visão do AN; seus comentários ou opiniões são de inteira responsabilidade dos mesmos. Sendo os autores responsabilizados juridicamente eximindo o Portal AN Notícias de qualquer sanção jurídica.