Os negociadores brasileiros estão abertos a discutir com o governo americano o tema dos minerais críticos em solo brasileiro no contexto do tarifaço a ser aplicado pelos Estados Unidos ao Brasil, conforme apurou o Estadão/Broadcast. Segundo anúncio do presidente Donald Trump, a sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros — a maior anunciada pelos Estados Unidos a países até o momento — começará a valer na próxima sexta-feira, 1º de agosto.
Um interlocutor do governo ouvido pela reportagem sustentou que este não é um assunto novo e sempre foi debatido pelo governo brasileiro com os EUA. O tema foi introduzido pelo encarregado de negócios da Embaixada Americana no Brasil, Gabriel Escobar, que se reuniu na última quarta-feira, 23, com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), em Brasília. Segundo comunicado da entidade, Escobar demonstrou interesse na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos em preparação pelo governo brasileiro, bem como em iniciativas parlamentares nesse mesmo contexto. Como a representação americana no País está sem embaixador, Escobar é hoje o principal representante dos EUA na capital federal.
O governo Lula discute lançar uma política nacional voltada à atração de investimentos em minerais críticos antes da COP-30, em Belém (PA), em novembro. Um dos eixos discutidos é a emissão de debêntures incentivadas no setor minerário. A avaliação colhida pela reportagem é a de que o encarregado de negócios buscou nesse tema uma linha para achar uma saída ao tarifaço, e que esta seria mais uma leitura dele como um ponto estratégico do que algo que venha da Casa Branca. Não parece ter sido algo que tenha vindo diretamente de Trump ou de outras autoridades americanas, segundo pessoas a par do assunto.
Questionado sobre possíveis negociações com os EUA envolvendo minerais críticos brasileiros, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou, na semana passada, que a pauta de mineração “é muito longa e pode ser explorada e avançada”. Ele evitou, porém, cravar qualquer cenário de negociação sobre o tema. “Trata-se de outro setor que exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos mais de 20%, o que mostra, de novo, enorme superávit na balança comercial (do lado dos EUA)”, destacou Alckmin.