Segundo o biólogo Fernando Felippe, trata-se das famosas saúvas, também conhecidas como formigas cortadeiras. E o que está acontecendo neste período é algo bem curioso e totalmente natural: a chamada “revoada nupcial”. “É a noite de núpcias delas. As formigas saem do ninho, voam, acasalam com os machos, e depois disso a fêmea desce ao solo, arranca as próprias asas e começa a cavar um buraco para fundar sua nova colônia”, explica o biólogo. Esse comportamento natural chama a atenção especialmente pela grande quantidade de formigas aladas vistas pelas calçadas, jardins e até telhados. Mas apesar de parecer inofensivo, o alerta é importante: as saúvas têm grande potencial destrutivo quando se instalam em áreas urbanas ou próximas a plantações. “É uma formiga que pode destruir uma árvore de pequeno porte em apenas uma noite”, reforça Fernando.
De praga a iguaria: tanajura no prato
Curiosamente, essas formigas também têm um lado bastante apreciado por algumas culturas. As tanajuras (ou içás), que são as fêmeas das saúvas, são consideradas iguarias regionais em vários estados brasileiros. Elas costumam ser fritas e servidas com farinha de mandioca ou manteiga — uma tradição mantida em diversas regiões do interior do país, como em São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco e no Nordeste. Em cidades como Tianguá (CE), a tradição de consumir tanajuras é tão forte que foi reconhecida como patrimônio imaterial. Apesar da aparência incomum, o prato conquista muitos paladares. Mas, no formigueiro, a alimentação das saúvas não é a folha em si — como muitos pensam — e sim um fungo cultivado por elas, com o material vegetal que coletam.
(Foto Redes Sociais)
Fonte: AN Notícias com 98 FM