Um dia depois de anunciar uma tarifa sobre os produtos importados da China de 104%, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na tarde desta quarta-feira (9) que irá elevar a taxa para 125%. Segundo o presidente americano, o aumento da tarifa sobre o país asiático é em resposta “à falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais”.
Nesta quarta-feira, a China informou que vai impor tarifas de 84% aos Estados Unidos, acima das de 34% anunciadas anteriormente, em resposta ao movimento do presidente republicano Donald Trump, de taxar os produtos chineses. A tarifa adicional passa a valer a partir desta quinta-feira, 10, segundo anunciado pelo Ministério das Finanças chinês. “Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato”, escreveu Trump nas redes sociais. “Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”, continuou o republicano. No comunicado, Trump também ordenou a pausa de 90 dias de taxas a alguns países que não retaliaram os EUA. Sem mencionar quais, o presidente citou que 75 nações procuraram o governo para negociar ao longo dos últimos dias. Com base nessas conversas, ele autorizou uma pausa de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato. “Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR, para negociar uma solução para os assuntos em discussão relativos a Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação Cambial e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não retaliaram de forma alguma contra os Estados Unidos, por minha forte sugestão, autorizei uma pausa de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato”, escreveu.
Tensão e turbulência
Antes do novo aumento da tarifa sobre a China, Donald Trump acusou os chineses de “sempre ter passado a perna” nos cidadãos norte-americanos e afirmou que, agora, fará o mesmo. “Eles [chineses] sempre nos passaram a perna a torto e a direito. Vamos agora passar a perna neles”, disse Trump durante um jantar do Comitê Nacional Republicano para o Congresso, na noite de terça-feira, 8. Nesta quarta-feira, 9, o governo chinês criticou a fala do presidente dos EUA e o acusou de “bullying” e “atos intimidatórios”. “Os EUA continuam a abusar das tarifas sobre a China. A China se opõe firmemente e jamais aceitará tais atos hegemônicos e de bullying”, disse o ministro das Relações Exteriores chinês. Em um comunicado enviado à Organização Mundial do Comércio (OMC), a China afirmou também que a decisão dos EUA de impor o tarifaço ameaça desestabilizar o comércio global e considerou que “a situação se agravou perigosamente”. “Como um dos membros afetados, a China expressa profunda preocupação e firme oposição a essa medida imprudente”, diz o texto, acessado pela agência Reuters.
A China também afirmou em uma reunião da OMC sobre comércio de bens que as tarifas recíprocas violavam as regras da organização e minavam o sistema multilateral de comércio. “Tarifas recíprocas não são –e nunca serão– uma cura para os desequilíbrios comerciais. Em vez disso, elas sairão pela culatra, prejudicando os próprios EUA”.