Um incidente no estacionamento de um supermercado na Avenida Arapongas, no centro de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina), causou indignação entre os clientes que presenciaram, no fim da tarde desta terça-feira (4), o londrinense Gustavo Henrique Pereira da Silva ser hostilizado por um segurança enquanto oferecia doces caseiros. Ele alega que foi ofendido, sofreu agressão e teve o cooler quebrado com um chute. A situação foi filmada e distribuída pelas redes sociais.
Gustavo tem apenas 17 anos e estuda no Colégio Cívico-Militar do Vista Bela, em Londrina, mas já é pai de uma criança de um ano e três meses. Ele mora com a namorada no bairro São Jorge e, há dois anos, vende nas ruas os brigadeiros feitos em casa para sustentar a família.
Há alguns meses, percebeu que as vendas pioraram e passou a oferecer os brigadeiros, com irmão e dois amigos, em cidades da região, como Cambé, Ibiporã e Arapongas. Começam a trabalhar por volta das 14h até as 20h e, por dia, comercializa de 30 a 40 caixinhas com os doces. “Dá para fazer um lucro de R$ 150 por dia. É com isso que sustento meu filho.”
Nesta terça, Gustavo,o irmão e dois amigos escolheram ir para Arapongas. Saíram de Londrina às 14h e chegaram por volta das 16h. O jovem disse que descia pela Avenida Arapongas e, perto das 18h, chegou ao supermercado Verona. Com o estacionamento movimentado, não teve dúvidas: entrou e foi oferecer os doces para os clientes que chegavam ou partiam do estabelecimento.
Gustavo conta que um segurança do local ficou olhando para ele, mas, não o abordou de início. Quando faltavam cerca de 25 caixas para vender, ele se aproximou. “Ele me disse: ‘Eu já não te disse que não pode vender aqui?’ Eu respondi que não, que ele pode ter dito isso para outra pessoa, mas ele respondeu: ‘São todos iguais.’”, relata.
Em seguida, ainda de acordo com Gustavo, o segurança o pegou pelo braço. Neste momento, o vendedor disse que o homem não tinha o direito de tocá-lo, mas recebeu como resposta: “Pode, sim.” O funcionário do supermercado, então, o teria empurrado e chutado seu cooler, que se quebrou. Neste momento, Gustavo diz que ficou abalado e começou a chorar, pegando as caixas que foram ao solo. O segurança, então, teria xingado com termos de baixo calão e começou a pisar em docinhos que caíram no chão. “Ele me disse: ‘Você me pegou num dia ruim’, mas, isso depois de ter me xingado”, relata. A ação do funcionário do supermercado começou a ser gravada por clientes da loja. Em um dos vídeos, o segurança diz para ele “cair fora” e que já orientou “duzentas vezes”, mas que o adolescente “caçoa da minha cara”. Gustavo disse que foi a primeira vez que esteve no estacionamento.
Após o ocorrido, um dos clientes sugere que Gustavo vá até a porta do estabelecimento para terminar de vender seus doces para quem presenciou os atos – o que também foi registrado em vídeo por testemunhas no local. A mãe de Gustavo, Daniele Oliveira da Silva, afirma que vai registrar BO (boletim de ocorrência) sobre o fato e deve procurar um advogado para processar a empresa. Entretanto, ela considera que houve uma falha do supermercado na orientação de seus funcionários. “Eu não quero que o trabalhador seja demitido, porque ele deve ter família, filhos para sustentar. Mas, o supermercado devia instruir os funcionários sobre como agir, para orientar as pessoas que o estacionamento é só para clientes e que não poderia vender ali ao invés de chegar agredindo e maltratando as pessoas”, afirma.
Outro lado
Procurada a rede de supermercados preferiu se manifestar apenas por nota emitida pelo escritório de advocacia que a representa. O documento reafirma o compromisso da empresa “de respeito aos clientes, fornecedores e terceiros” que se encontram em seus estabelecimentos e repudia atos de violência. Também diz que um procedimento interno foi instaurado para investigar o ocorrido e eventual punição dos envolvidos, mas que têm se tornado comuns reclamações de clientes sobre “abordagens constrangedoras de vendedores ambulantes que atuam sem autorização” dentro do estabelecimento”. A nota ainda afirma que “um recorte enviesado do episódio não representa integralmente o que de fato ocorreu” e sugere à população “que se informe”, embora não dê qualquer informação sobre o que ocorreu antes da situação.
NOTA À IMPRENSA
O Verona Supermercados vem, por meio da presente nota, reafirmar seu compromisso de respeito a seus clientes, fornecedores e terceiros que, eventualmente, se encontrem em seus estabelecimentos. O Verona Supermercados repudia toda forma de violência e esclarece que já se encontra em curso um procedimento interno de investigação para averiguação e eventual punição dos envolvidos no episódio. Devemos, também, esclarecer que têm se tornado comuns reclamações de clientes a respeito de abordagens constrangedoras de vendedores ambulantes, que atuam sem autorização dentro do mercado. Ao Verona Supermercados cabe a fiscalização do que ocorre dentro de seus estabelecimentos, atuando sempre dentro dos padrões da lei.
Esclarecemos que um recorte enviesado do episódio não representa integralmente o que de fato ocorreu, de modo que sugerimos à população que se informe, assim compreendendo a situação de forma completa. Por fim, o Verona Supermercados vem reafirmar seu compromisso com a verdade e a lei, colocando-se à disposição para auxiliar as autoridades em eventuais esclarecimentos sobre o ocorrido.
Verona Supermercados
Kotaka & Yagui Advogados Associados
(Foto: Redes Sociais)