Ratinho Júnior (PSD) acaba de dar um recado direto ao eleitorado bolsonarista: ele está no jogo. O governador do Paraná adiou sua viagem aos Estados Unidos para participar, neste domingo (6), da manifestação convocada por Jair Bolsonaro (PL) e Silas Malafaia na Avenida Paulista, em São Paulo. O motivo? Um pedido do próprio ex-presidente para reforçar a pressão por uma “anistia humanizada”. A decisão de última hora não passou despercebida e pode mexer nas peças do tabuleiro político de 2026.
A manifestação está marcada para as 14h, no coração financeiro e simbólico do país. Bolsonaro e seus aliados querem ecoar o grito por “liberdade de expressão”, “justiça humanizada” e, acima de tudo, pela anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Ratinho Júnior, que embarcaria neste sábado (5) para os EUA em missão oficial, agora só parte após o protesto deste domingo. Sua estada no exterior vai até 22 de abril — tempo suficiente para avaliar os reflexos políticos do gesto. Mas a presença do governador paranaense no palanque não significa apoio automático de Bolsonaro à sua candidatura presidencial.
Enquanto o União Brasil, de Ronaldo Caiado, ensaia apoio a Lula, o PSD de Ratinho vive sua própria crise de identidade. Uma ala defende a neutralidade em 2026. Outra, mais pragmática, já conversa com o Planalto. Mas há também quem flerte com o bolsonarismo — como o próprio Ratinho. “Filipe Barros está certo. A outra vaga é do Ratinho”, disse Jair Bolsonaro, em Londrina (PR), na noite de sexta-feira (4). A declaração pública de Bolsonaro escancarou uma aliança em construção. Filipe Barros (PL), deputado federal e bolsonarista de carteirinha, deve disputar uma das vagas ao Senado. A outra, pelo visto, está reservada para Ratinho — se ele quiser.
Enquanto Malafaia promete discursos inflamados, Ratinho adota o silêncio. Seu staff diz que é apenas “cumprimento de agenda cívica”. Mas ninguém vai à Paulista no domingo à toa — ainda mais adiando uma missão internacional. Ronaldo Caiado lançou sua pré-candidatura presidencial na sexta-feira com críticas a Lula e… reservas a Bolsonaro. Ratinho, por outro lado, não fecha nenhuma porta. E isso faz toda a diferença. A pergunta que não quer calar: Ratinho Júnior será o candidato da direita em 2026?
Se depender do gesto deste domingo, ele já ensaia os primeiros passos rumo à disputa presidencial. Mas nada está decidido. O PSD pode lançá-lo como candidato à Presidência com apoio do bolsonarismo — ou mantê-lo na disputa pelo Senado, enquanto um aliado mais fiel a Bolsonaro, a exemplo do também governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, tenta o Planalto com o aval do ex-presidente. Tudo vai depender do rumo das alianças e da temperatura política nos próximos meses. O que está claro é que o governador paranaense quer manter o protagonismo. E, de quebra, agradar tanto Brasília quanto a base bolsonarista no Sul do país.